quinta-feira, 6 de setembro de 2007

rel(atos)

06/09/07

RELATOS DE HOJE - José

Na primeira oficina do dia, a escola foi a Nossa Senhora da Conceição, localizada em Viamão. A turma era de 7ª série e eles iam visitar a Mostra Zona Franca.

A proposta inicial era a de fazer um passeio com eles pelo Cais para que, ao chegarem ao ateliê, mapeassem o caminho que percorreram, com base na planta baixa dos Armazéns ou mesmo que desenhassem o seu mapa. Ela foi um pouco alterada, devido ao fato de não estar com a planta baixa na mão e também à chuva.

Solicitei que evocassem da memória o caminho que fizeram para chegar até a Bienal e o desenhassem. Em seguida, foram acrescentados elementos que não estavam na paisagem e que eles gostariam que estivessem.

Bom, a turma se comportou de maneira até mais calma do que o “normal”. Mesmo assim, os resultados foram bem bons. Todos se empenharam nos trabalhos e o que se viu foi, salvo algumas exceções, coisas bem diferentes entre si. A professora Ivone, uma das coordenadora do espaço aqui, nos alertou sobre o uso da régua, que pode delimitar um pouco o traço do indivíduo. Talvez ela possa ser bem aproveitada no sentido de mostrar a diferença entre o traço reto e padrão (mapa) e o aparentemente livre e mais pessoal (elementos inseridos depois).

A segunda oficina não aconteceu segundo a proposta, mas foi bem enriquecedora para perceber a diferença entre turmas, os graus de agitação e as diferentes maneiras de reflexão sobre um mesmo tema.

A proposta inicial era, divididos em grupos, compor diferentes quadros com os corpos no espaço. A platéia desenharia os quadros e, após eles terem se modificado levemente, desenhar as mudanças. Isso proporia a mudança com o tempo, como é visto no trabalho da Beth Campbell. Bom, dá pra ver que é um trabalho que precisa de mais tempo e, com a turma agitada que foi, se torna ainda mais difícil. Mas vários elementos desta proposta podem ser pinçados, um a um, e trabalhados de maneira mais profunda em oficinas separadas, imagino.

Como conversávamos a Aila e eu, é importante mesmo crer que alguma mudança, alguma transformação, alguma percepção nova se processa, mesmo que a longuíssimo prazo. Nada de querer propor tudo de uma vez ou se desesperar se mais da metade da turma quer ir ao banheiro, como foi o que aconteceu.

Não somos os donos da verdade e se, não é conosco que a turma ou o indivíduo vai perceber a real importância de determinada coisa, como, no caso, a arte, poderá ser com outra pessoa, com um namorado ou namorada, com um jogo de videogame, com um programa de tevê.

O importante mesmo é estar empenhado e atento às pequenas brechas, nas quais dá pra se inserir para poder pensar e falar sobre o que acreditamos. No caso, aqui, através da arte, dialogando diretamente com a pedagogia. Neste caso, a brecha foi quando todos foram ao banheiro e eu pude falar brevemente com o pequeno grupo que ficou.

Aproveitemos esse precioso tempo que nos é oferecido!

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